MATO E VINHO

A colheita seguida da festa do pisa, onde todos participaram com intensidade e alegria varou noite a dentro com muitos risos, musicas e namoricos pelos cantos. Os cheiros se misturavam,isso tudo muito familiar para mim. Os acontecidos se intercalavam com minhas lembranças e tudo me deixava muito excitada. Tudo em mim chama a atenção dos colonos, minhas vestes , meus cabelos, minhas mãos... alguns politicos e fazendeiros da região faziam questão de se apresentarem e me cumprimentar, afinal fui a precurssora em implantar a educação nas fazendas. Muitas crianças,hoje homens feitos e até mesmo já envolvidos em ações sociais estudaram aqui. Tenho sim muito que me orgulhar, e apesar da satisfação não posso negar o meu cansaço fisico. Peço licença e me retiro,quando chego em casa me surpreendo com a quantidade de flores sobre as mesas. Os bilhetes estão reservados numa bandeja de prata egipcia que fica ao lado da minha televisão. Preguiçosamente caminho para a cozinha, meus croassaint e o suco de abacaxi com hortelã estão me aguardando. Me sento a mesa da cozinha e retiro minhas botas, ahhhh que sensação de alivio... Depois do meu lanche ,caminho pela sala, me sento no meu tapete persa e pego os bilhetes para ler. Como eu disse, eram de boas vindas da sociedade local, alguns politicos precipitados pedindo apoio, outros de empresários solicitando reunião, enfim. Parece que realmente estavam todos anciosos pela minha chegada. A Loba voltou... e isso mostra o quanto a minha transformação me afetou. A mulher que sou hoje, segura das minhas qualidades,dos meus valores, do meu poder de sedução e decisão. Hoje administro todo meu patrimonio, com meu próprio pulso... Passo minhas mãos pelos cabelos e sinto o cheiro de uva misturado com meu perfume, gosto disso. A casa está vazia, os empregados já se recolheram...olho de um lado para o outro me certificando disso. Um arrepio na pele,um calor entre as entranhas, uma secura na boca, meus mamilos se enrijecem ... passo a mão entre as pernas e um calor umido me aquece. Ela está aqui, a loba está com fome. O cheiro de mato verde umidecido pela noite, me chama para caçar. Minhas garras saltam em minhas mãos, meus cabelos se soltam batendo nas costas, e a lua brilha no céu me chamando e iluminando a trilha para que eu passe sem ser percebida. Impossivel,o latido desesperado dos cachorros anunciam minha presença , os bichos se paralizam, não se ouve um ruido. Apenas o meu cheiro isalando no ar, misturado com o cheiro de mato e vinho me levam floresta adentro, hora caminhando, hora correndo, hora livre, livre e senhora de mim. Meu corpo viaja no prazer que proporciono a mim mesma. O poder de ser dona de mim, de me fazer viajar pelos caminhos que sei de cor. Fecho os olhos e dou meu ultimo toque, suspiro me entregando totalmente ao prazer. Acordo e me encontro ainda no meio da sala entre flores e bilhetes... Meu Deus!!!! Já é quase manhã, corro para meu quarto e me tranco entre o sentimento de um ser traquina e mulher. Que bela mistura... amo, mato e vinho.

Comentários

  1. Amei,sempre esperando por mais um capítulo maravilhoso bjs

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  2. A inspiração de quem escreve vem da força do leitor. Gratidão pelo incentivo

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  3. Caramba que produção maravilhosa, repleta de detalhes característicos. Enquanto se lê, é possível desenhar todas as senas e isso dá ainda mais um brilho artístico. Parabénsss ficou maravilhoso!

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  4. Obrigada Ramatis, seu comentário é um alimento para o meu trabalho!

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