A COLHEITA

Chegamos finalmente a fazenda, e o clima de festa é encantador. Estão todos muito animados, muito curiosos e alguns que não fazem a menor ideia sobre a minha chegada. Alguns funcionarios antigos batem no vidro do carro me saudando. Paramos na entrada da fazenda e belas moças e rapazes me entregam pela janela do carro um chapéu de palha, uma cesta de vime e uma tesoura. A tradição dos antigos colonos, onde somos convidados a percorrer os caminhos entre as videiras para colher e provar os frutos. E depois da colheita, acontece a pisa da uva. Nossa, que emoção, não me lembrava mais como eu era feliz aqui. Me espreguiço no banco do carro deixando minhas pernas um pouco mais exposta. Preciso descansar para a festa, digo num suspiro ao meu administrador. Sim senhora, teremos a colheita no inicio da tarde, logo após a missa da benção e em seguida acontecerá a "pisa da uva". Verdade, está mesmo sendo intensa a minha chegada, intensa assim como eu sou. Descanse, depois eu peço para a arrumadeira te acordar quando der o horario do almoço. Combinado, mas antes quero rever minha querida "madrezita" a cozinheira que trabalha comigo desde quando me casei. Entro pela cozinha, como sempre gostei de fazer, pé ante pé, para ver o rosto de surpresa e alegria que só ela sabe espressar tão bem e verdadeiramente. Senhoraaaaa! Grita ela. Como está linda! Que saudades minha senhora! Deixe-me vê-la, está magrinha , isso é falta da minha comida. Venha, venha...fiz o suco que a senhora adora! Mau consigo falar de tanta alegria e porque ela não para de falar, gesticular e me arrastar pra dentro da cozinha. Me coloca sentada na mesma cadeira que sempre sentei e me oferece um copo de suco de abacaxi com hortelã. Bebo enquanto ela me observa feliz e ofegante. Pego meu copo e vou me arrastando para o meu quarto. Irei descansar aviso. O cheiro das rosas brancas expostas no vaso de bacarat vermelho que estão sobre a mesa de madeirano corredor dos quartos é estonteante. Abro a porta do quarto e deixo a luz entrar primeiro... Que saudades, que lindo! Tudo do jeitinho que sempre gostei. O lençol de cetim branco, almofadas de crochet minha mesa de cabeceira com meus controles. Meu espelho, meu melhor amigo, meu conselheiro. Minha rede na varanda, parece que o tempo parou por aqui. Fecho a porta do quarto e começo a me despir lentamente. Primeiro as jóias, depois os sapatos, o vestido e por ultimo minha lingerie. Caminho na direção do meu espelho... passos lentos, passos firmes, passos que hoje não carregam mais dores e indecisões. Frente a frente nos miramos, o tempo para nós não parou. Hoje sou uma Loba madura, segura, com cicatrizes sim, mas com certezas de que fiz e faria tudo novamente para chegar onde estou. Mergulho na minha banheira com sais e petálas de rosas vermelhas. Quero relaxar e dormir um pouco. Quero estar maravilhosa para a festa da colheita. Meus cremes lambem meu corpo me umidecendo toda a pele, deito na minha cama e deixo Morfeu me abraçar... Os lençois me tocam causando arrepios , agarro meus travesseiros, jogo meus cabelos para trás e fecho meus olhos me entregando as deliciosas sensações que percorrem meu corpo todo. Até mais...

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