O REINO DA LUA

Meu querido diário.
Meu querido diário...
Quantas divisões existem no mundo?
Quantas subdivisões e subs e subs e divisões mil?
Até chegarmos a um mundo solitário, totalmente avesso ao que sonhamos, idealizamos ou desejamos?
Que mundo é este meu diário, do qual hoje eu não me identifico?

Sou uma loba, parida em um ninho pequeno, escuro, sofrido e pobre.
 Mas não faltava segurança, não faltava carinho, não faltava amor.
Meus medos geravam abraços, minhas lagrimas eram enxugadas com doces lambidas.
Minha solidão era aquecida com um lindo enrolar de proteção.

O mundo dee hoje me parece tão distante ou pior...parece tão irreal.
Hoje sou loba.
E veja a loba que sou, de sorriso largo e coração aberto.

Onde foi parar aquele  mundo pobrezinho e replete de carinho?
Dou carinho e nada recebo,
ofereço meus abraços e sou recusada,
deito meu colo e sou pisoteada.
Meus sorrisos ignorados,
meus sentimentos ignorados,
meus sonhos ignorados...
Cadê meu mundo meu querido diário?

Sou uma loba criada para lamber minhas crias, onde estão?
Sou uma loba educada para servir e sirvo...mas não presto.
Onde estou, quem sou?

Olho para meu corpo nú,
meus seios expostos,
minhas ancas desenhadas,
 minhas coxas de leve torneado,
 a pele empalidecida pela falta do sol que antes me lambia a pele suavemente.
Sinto falta do calor de um lobo,
do calor da cria,
do calor da alcatéia.
Me sinto tão distante do  mundo  em que fui criada.
Pergunto a você novamente meu querido diário:-
Que mundo é este, onde a lua não deixa o sol aparecer?




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